A
final da UEFA Champions League da temporada 2011-2012 está definida: Bayern
Munich e Chelsea farão a final, frustrando aqueles que esperavam com ansiedade
uma final espanhola entre os dois maiores times da atualidade: O Barcelona de
Messi contra o Real Madrid de Cristiano Ronaldo. Algo em comum na eliminação dos dois
times foi o fato das duas maiores estrelas errarem pênaltis decisivos. Messi
chutou na trave de Petr Cech, enquanto Cristiano Ronaldo, que havia convertido
um pênalti no tempo corrido, teve sua cobrança defendida por Neuer na decisão
(o craque brasileiro Kaká também errou a sua cobrança). O capitão do Chelsea John Terry foi expulso contra o Barcelona e está fora da final, perdendo a chance de se redimir do penâlti que perdeu na final de 2008 contra o Manchester United, escorregando e mandando pra fora o inédito título da Champions para sua equipe.
A maior punição do futebol, conhecida popularmente como pênalti ou penalidade máxima, tem esse
nome por tratar-se da maneira mais dura de punir o time que faz uma falta
dentro da sua área. A bola é posta a 11m do gol, que por sua vez mede 2,4m de
altura e as traves estão a 7,3m de distância uma da outra. O goleiro deve ficar
em cima da linha do gol, podendo movimentar-se apenas lateralmente. Parece
fácil, não? Não exatamente...
“Tem
gente que pensa que pênalti é fácil, mas em uma hora dessas o gol fica pequeno.
Bater pênalti não é mole não meus amigos.” Rivaldo em seu twitter oficial
@RIVALDOOFICIAL, após a eliminação do Real Madrid nos pênaltis.
“O
pênalti é uma maneira covarde de fazer o gol.” Pelé, que fez seu histórico
milésimo gol em uma penalidade contra o Vasco em 1969. Acessando o seguinte
link você pode ver que nem o rei do futebol era perfeito nas suas cobranças...
Na
Copa do Mundo, torneio mais importante do mundo do futebol, alguns dos maiores
gênios da história do esporte erraram cobranças decisivas. Só no dia 21 de
junho de 1986, no estádio Jalisco de Guadalajara, lendas como Zico, Platini e
Sócrates não converteram suas cobranças no confronto entre Brasil e França
pelas quartas de final da Copa do México. No mundial seguinte, Maradona falhou
contra a Iugoslávia nas quartas de final, sendo salvo pelo goleiro argentino
Goycochea, grande pegador de pênaltis, que dizia “fico parado no meio do gol e
pego os pênaltis mal batidos”.
Em
1994, Brasil e Itália decidiram não só a Copa do Mundo como a hegemonia no
futebol mundial (ambos possuíam três títulos até então). Roberto Baggio, que
jogava a copa como melhor do mundo (eleito no final de 1993), mandou por cima
do gol a cobrança que decidiu a copa a favor do Brasil e deu a Romário o prêmio
de melhor jogador do mundo no ano da Copa. Detentor da melhor porcentagem de
acerto (0,8) na história do Campeonato Italiano, com 76 gols em 91 cobranças em
22 anos de carreira, Baggio errou o pênalti mais importante de sua carreira.
"Só
erra um pênalti quem tem coragem de batê-lo. Naquele dia, decidi bater e errei.
Ponto final. Faz parte do jogo. Aquilo me marcou por muitos anos e ainda sonho
com isso. Apagar aquele pesadelo da minha mente foi difícil. Se pudesse
cancelar aquela imagem da minha vida, cancelaria. Mas a vida ensina muitas
coisas e entendi que, quando um homem se deixa vencer pela derrota, está
renunciando à vida. Aquele momento foi importante para mim. O ano de 1994 foi o
ano em que o Ayrton Senna morreu. Eu jamais havia errado um pênalti daquele
jeito, para o alto. E a bola partiu para o céu... acho que foi um presente para
o Ayrton". Roberto Baggio em entrevista para a Placar em 2006.
Em
1998, no mundial seguinte, Baggio converteu duas cobranças sobre absoluta
pressão, já que o mundo todo se lembrava do pênalti na final de 1994: evitou a
derrota italiana na estreia contra o Chile e fez sua parte nas quartas de final
contra os franceses donos da casa, pedindo silêncio para a barulhenta torcida
francesa.
“Se tivesse de falar do pior momento da minha carreira, poderia citar a
semifinal que perdemos com o Villarreal (UCL
2005/2006, contra o Arsenal). Tínhamos a esperança de chegar à
final, pois atuando pelo Villarreal sabíamos que uma oportunidade daquelas não
iria mais se repetir. Foi um momento bastante difícil.” Riquelme falando sobre
o penalti que errou na semifinal da Liga dos Campeões de 2006. O gol faria a
partida ir para a prorrogação.
“Quando
perdi o pênalti no Mundial um
mundo desabou, sofri demais. Tenho certeza de que não havia alguém que gostaria
de conquistar aquele título mais do que eu, no máximo igual. Foi o carinho e o
respeito do torcedor que me ajudaram a superar aquele momento”. Edmundo sobre o
pênalti perdido na final do Mundial de Clubes de 2000 contra o Corinthians.
No futebol brasileiro, um exemplo de craque que tinha problemas com
pênaltis era Edmundo. O penalti perdido por ele na final do Mundial de Clubes
da FIFA em 2000 deu ao Corinthians o título. Nesta mesma final o especialista
em bolas paradas Marcelinho Carioca também desperdiçou sua cobrança, o que
viria a acontecer novamente meses depois, na semifinal da Libertadores da
América de 2000. Os arquirivais Palmeiras e Corinthians empataram na soma dos
dois jogos, e a decisão foi para a disputa de pênaltis. Todos os jogadores
marcaram, e o último pênalti da série corinthiana ficou para Marcelinho
Carioca, que bateu e, quando preparava a corrida pra comemorar, viu o goleiro
palmeirense Marcos voar no canto certo e defender a cobrança, ganhando da
torcida palmeirense o apelido de “São Marcos” e deixando o Corinthians mais uma
vez sem o desejado título sulamericano.
“Foi
um dia difícil. Chorei muito e fiquei bastante triste. Comprometi até minha ida
para a Copa do Mundo de 2002 por causa daquela noite”. Marcelinho Carioca
lembra o pênalti defendido por Marcos.
"Já fiz grandes defesas, mas todo mundo
diz que a mais importante foi o pênalti que defendi do Marcelinho Carioca na
Libertadores de 2000. Eliminar o Corinthians pegando um chute dele realmente
ficou marcado". Marcos lembra o pênalti defendido na semifinal da Copa
Libertadores de 2000.
Para alguns o pênalti é questão de sorte,
para outros de competência. O fato é que muitos heróis e vilões (cobradores ou
goleiros) ainda surgirão em disputas de pênaltis. Um exemplo recente disso é o
jogador Léo Rocha, que foi demitido do Treze-PB após bater um pênalti de forma
displicente que foi decisivo na eliminação da equipe paraibana diante do
Botafogo na Copa do Brasil.
Obs.: Comecei a esboçar este texto assistindo
ao jogo de ida entre Internacional-RS x Fluminense pela Libertadores 2012.
Enquanto eu começava a lembrar dos pênaltis citados no texto, o argentino bom
de bola Dátolo desperdiçava sua cobrança... no jogo de volta saberemos o peso
de mais este pênalti decisivo desperdiçado... ;)
Links para videos de alguns dos pênaltis perdidos citados no texto:
Obrigado pela visita, espero que tenha gostado!
polidorioraj@hotmail.com